As principais redes de supermercados do país deverão criar uma comissão para debater práticas antirracistas nas lojas do setor. A ideia, segundo fontes, é compartilhar ações implementadas e propor novas medidas de combate ao racismo e promoção de igualdade racial, com participação também de outros setores da sociedade civil.
A questão deverá ser encaminhada dentro da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), considerada pelos varejistas o “ambiente” ideal para essa discussão, disse uma fonte. Representantes de empresas como Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Big (ex-Walmart) deverão compor a comissão.
A assassinato de um cliente negro por seguranças brancos em uma loja do Carrefour em Porto Alegre, na sexta-feira, véspera do Dia da Consciência Negra, aumentou a pressão sobre o setor.
Outro ponto criticado por analistas refere-se às ações de gestão e controle dos serviços terceirizados. Isso porque os dois seguranças que mataram João Alberto Freitas eram funcionários terceirizados da empresa – um deles, policial temporário.
Grandes grupos varejistas terceirizam a área de segurança patrimonial porque, por lei, não podem prestar esse serviço. Muitas vezes, eles recorrerem a companhias regionais da área, que, por sua vez, contratam vigilantes no mercado, “quarteirizando” o trabalho. Os supermercados podem atuar apenas no controle de perdas e “quebras” de produtos.
O Carrefour vem debatendo mudanças em suas normas internas, como revisão de procedimentos de contratação de serviços, ajustes na capacitação de pessoal e fortalecimento dos canais de denúncia voltados para discriminação racial, segundo uma fonte. A empresa também anunciou a criação de um comitê voltado a essa discussão.
Fonte: Newtrade