Com o avanço da covid-19 e as medidas restritivas para conter a propagação do novo coronavírus, o e-commerce cresceu de forma significativa durante os primeiros três meses do ano. O faturamento atingiu R$ 20,4 bilhões (alta de 26,7% ante igual período do ano passado), um reflexo do aumento expressivo do volume de compras realizadas pela internet: foram 49,8 milhões de pedidos, número 32,6% maior do que o do primeiro trimestre de 2019.
Os dados são do Relatório Neotrust, da Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado com foco em e-commerce, realizado periodicamente em parceria com o portal E-commerce Brasil, que agora apresenta os resultados do varejo digital no Brasil durante o primeiro trimestre de 2020.
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Apesar da alta significativa, consumidores estão gastando menos em suas compras on-line. De acordo com o estudo, o tíquete médio dos pedidos realizados no primeiro trimestre foi de R$ 409,50 – valor 4,5% menor do que o registrado em 2019. O fator já é relacionado à chegada do coronavírus ao Brasil.
“A covid-19 já provoca mudanças estruturais no hábito dos consumidores de varejo digital. Com as medidas de isolamento implantadas no fim do mês de março, cada vez mais pessoas optam por adquirir pela internet itens de necessidade básica, como produtos de supermercado ou de farmácia”, afirma André Dias, diretor executivo da Compre & Confie. “Enquanto isso, itens de maior valor agregado, como eletrônicos, ficam em segundo plano. Essa conjuntura ajuda a explicar a queda do tíquete médio no período”, completa.
Além do aumento expressivo das vendas de produtos de higiene e saúde, especialmente no mês de março, outras categorias ligadas ao momento de quarentena de grande parte da população brasileira no primeiro trimestre do ano também apresentaram crescimento nas vendas como: artigos para casa, eletrodomésticos/ventilação, suplementos/esporte e lazer, móveis/construção e decoração.
Outro fator que destoa das tendências observadas anteriormente é a redução do valor do frete, mesmo em meio ao aumento significativo do número de compras. O preço médio do serviço teve redução de aproximadamente 6% em relação ao mesmo período de 2019, totalizando R$ 21,06.
“Esse é um comportamento atípico, que pode ser explicado pelo sucesso das promoções realizadas no primeiro trimestre. ‘Saldões’ e a Semana do Consumidor, que, por vezes, usam do frete grátis como estratégia de venda, tiveram resultados significativos no início do ano. Somente esta última data movimentou R$ 1,89 bilhão em março, crescimento de 19% em relação às vendas nos mesmos sete dias de 2019”, explica Dias.
Em meio a tantas mudanças, o relatório também traz conclusões alinhadas às perspectivas mostradas nos trimestres anteriores, como o fato de que a maior parte das compras realizadas em 2020 foi feita no Sudeste (responsável por 66,6% dos pedidos); as mulheres continuam sendo o público que mais compra em volume no e-commerce; e a idade média dos compradores, que permanece em 37 anos.
CROSS BORDER
Fora das fronteiras nacionais, o e-commerce também tem boas perspectivas, se depender do consumo dos brasileiros. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Compre&Confie com 2.397 consumidores, no último ano, sites estrangeiros faturaram R$ 6,1 bilhões. O resultado reflete as 59,5 milhões de compras realizadas durante todo o ano. E o tíquete médio registrado é de R$ 102,00.
“Apesar de significativos, os números ainda não trazem preocupações para os varejistas locais. No mesmo período, o e-commerce brasileiro movimentou R$ 75,1 bilhões e concentrou mais de 178 milhões de pedidos de compra”, destaca.
No último ano, 14,1 milhões de consumidores fizeram pelo menos uma compra on-line em sites estrangeiros. A média é de quatro compras por consumidor nessas plataformas durante todo o ano. Entre as categorias mais compradas, estão: eletrônicos (metade dos compradores), seguida por telefonia (28,7%) e por moda e acessórios (21,4%).
Ainda segundo dados da pesquisa, a principal motivação de compra em plataformas fora do país está em preços menores (apontada por 82,7% dos entrevistados). Em seguida, está a busca por produtos não encontrados no Brasil (36,4%) e por maior variedade de produtos (29,9%).
Apesar do volume significativo de compras, a principal preocupação dos consumidores na hora de visitar sites internacionais é o tempo de entrega (apontado por 67,5% deles).
“As preocupações com a covid-19 ainda estavam longe de chegar ao ápice no período ao qual a pesquisa se refere. Ainda assim, 57% dos entrevistados declararam terem medo de se contaminarem por futuras encomendas estrangeiras ao longo deste ano”, finaliza Dias.
Fonte: Diário do Comércio