O preço do óleo de soja disparou nas gôndolas dos supermercados. O preço médio, que era de R$ 4,90 antes da pandemia, subiu para R$ 5,42 nos meses junho e julho, segundo levantamento da Horus. Em setembro, o produto já é vendido por quase R$ 7.
O que explica esse aumento?
A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) responsabiliza o inesperado aquecimento da demanda doméstica pelo “desequilíbrio entre a tradicional oferta e a demanda nacional, causando redução no abastecimento”.
“O cenário de limitação na oferta do óleo de soja nas gondolas dos supermercados de algumas regiões do país é resultado de mudanças no consumo em meio a pandemia”, informa a entidade.
Por conta da pandemia, as pessoas passaram a fazer todas as refeições dentro de casa. Isso obviamente elevou o volume de compras de alimentos.
A Abiove lembra que houve queda no consumo de óleos nos bares e restaurantes e por isso as empresas destinaram parte do que seria consumido para esses grupos para o setor externo. “O uso do produto por bares e restaurantes teve quebra brusca, sendo necessário buscar outras formas de comercialização que resultaram na ampliação das exportações.”
Houve queda de produção?
Muito pelo contrário. A Abiove diz o volume de soja processada no Brasil em 2020 é recorde e deve totalizar 44,600 milhões de toneladas, com a produção de cerca de 9 milhões de toneladas de óleo de soja, um crescimento de 3% em relação a 2019. “Esse derivado é consumido por meio do uso culinário doméstico e de restaurantes (food service), e na produção de biodiesel”, afirma a entidade.
Onde ocorreram as maiores altas?
As maiores altas verificadas foram em Campo Grande (31,85%), Aracaju (26,47%), Rio de Janeiro (22,39%) e Porto Alegre (21,15%). Em São Paulo, o óleo de soja foi a segunda maior alta da cesta, com variação de 14,18%.
O que tem pressionado o preço do óleo de soja? Existe o fator exportação, sim. Segundo o Dieese, as demandas interna e externa têm elevado as cotações da soja e derivados.
Um dos motivos é que a China decidiu fazer estoques estratégicos de alimentos, depois de sentir o risco de faltar comida para mais de um bilhão de pessoas por causa da paralisação provocada pela pandemia e ameaçado pela guerra comercial como com os Estados Unidos.
De janeiro a julho, o Brasil exportou para China 50,5 milhões de toneladas de soja um volume 32% maior do que no mesmo período de 2019, diz Wagner Ikeda, analista sênior do Rabobank Brasil. “Entre 90% a 95% da safra de soja está vendida”, diz.
Fonte: Portal Newtrade