Antes da pandemia, em novembro do ano passado, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) registrou o maior nível de contratação do segmento em dez anos, totalizando a criação de 6.685 novos empregos (leia mais aqui).
E tudo indica que essa tendência deve se consolidar. Isso porque, em maio deste ano, o IBGE identificou que as vendas do comércio varejista cresceram 13,9% em relação a abril e, na passagem de um mês para o outro, as atividades de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo aumentaram 7,1%.
A Savegnago Supermercados sentiu os reflexos desse aquecimento do mercado. Durante a pandemia, a rede, presente em 17 cidades do estado de São Paulo, anunciou a abertura de 1,6 mil novas vagas.
Acontece que, no cenário atual, conseguir preencher novas posições é uma tarefa que envolve inúmeros desafios. Para ajudar o varejo a acertar no processo, conversamos com três profissionais de RH especializados em trade. Confira!
Vagas em alta
“Quando falamos de novos empregos em supermercados, normalmente as maiores demandas são para operação em chão de loja, principalmente repositores de mercadorias e operadores de caixa”, diz o diretor da Checkout RH, Eduardo Carvalho, especializado no setor supermercadista. Isso não mudou durante a pandemia. Entretanto, de acordo com o executivo, o fortalecimento do delivery e da retirada em loja passou a exigir dos candidatos conhecimentos extras envolvendo o atendimento ao cliente por canais diversos, a embalagem e a distribuição de pedidos, entre outros.
A consultora de RH da Persone, Verônica Briamonte, concorda. “Na maioria das redes em que atuamos, a demanda de vagas aumentou, visto que, além de surgir a necessidade de criar novos setores, o volume de venda cresceu. Isso impactou diretamente na sobrecarga do quadro de colaboradores, principalmente nas lojas que criaram o setor de e-commerce.”
Quanto mais adaptável, melhor
Ao receber currículos, é normal ficar em dúvida. Mas um bom diferencial competitivo é a apresentação de um perfil flexível. “Busque candidatos resilientes e abertos às mudanças. São características essenciais para manter o desempenho no ambiente adverso em que vivemos hoje”, destaca o diretor da Checkout RH.
Boom do e-commerce
A demanda nas lojas virtuais cresceu, mas encontrar profissionais aptos a atuar no setor supermercadista não é tão simples assim.
“Antes da pandemia, as lojas que trabalhavam com essa alternativa eram a minoria. É necessário estruturar esse novo setor e descrever os cargos para, então, buscar profissionais que tenham habilidades e experiência em atividades relacionadas”, diz Verônica.
Em algumas empresas, uma saída pode ser remanejar profissionais do quadro para o e-commerce, afinal, eles já possuem conhecimento dos produtos e métodos, além de uma maior qualificação em atendimento.
Como recrutar
Fazer a seleção de profissionais à distância, atualmente, é uma realidade em muitas empresas do varejo. “Nesse processo, é preciso ter muita atenção para construir um roteiro de perguntas alinhado às competências que se deseja avaliar no candidato. Além disso, conhecer a pessoa de maneira ampla pode ajudar a compreender aspectos comportamentais importantes”, diz o CEO do Grupo Bridge, Celso Braga.
Manter o recrutamento presencial é outra opção, desde que haja maior intervalo entre um candidato e outro, para que o ambiente possa ser higienizado. “Vale procurar uma sala maior, mais arejada, para poder realizar o máximo de distanciamento possível, seguindo todos os protocolos”, afirma Verônica.
Treinamento express
“A regra de ouro diz: contrate com calma e não terá que demitir rapidamente”, lembra Braga. Entretanto, quando falamos em treinamento, o ideal é que sejam cada vez mais ágeis. “Para isso, é preciso que a lógica do processo seja pensada em partes, de modo que o funcionário possa ser treinado passo a passo.”
Também é possível terceirizar esse serviço, pois há empresas especializadas que já oferecem uma bateria de treinamentos rápidos e online.
Integração de equipes
O processo é indispensável para que os colaboradores tenham a sensação de pertencimento à empresa, entendam como ela funciona e compreendam as atividades que deverão desempenhar.
“Uma parte essencial da integração se refere aos aspectos socio-relacionais. É preciso estabelecer um conhecimento entre as pessoas visando aproximar e construir uma relação de confiança, seja entre os pares, seja com os líderes. Esse processo, idealmente, deve ser feito de forma presencial”, orienta Braga.
Coordenar e motivar remotamente
O maior desafio de coordenar equipes em home office é o de estabelecer uma comunicação clara. “O erro mais comum é achar que só um encontro virtual é suficiente para todos compreenderem com clareza o que devem realizar. As pessoas costumam se perder na priorização e na execução das atividades por não compreenderem corretamente o que deve ser feito. Portanto, é preciso reforçar as ações de gestão e acompanhamento”, alerta Braga.
“Também é importante que a liderança estreite os laços profissionais com a equipe, explique em detalhes o que a empresa espera, mas permaneça aberta a ouvi-lo”, recomenda Verônica.
Apoio emocional
O papel do RH é cada vez mais estratégico, não apenas na adoção eficiente das medidas de combate à pandemia, mas no diálogo. “Estar mais presente no piso de loja é fundamental, inclusive, para identificar as dificuldades que não são ditas e reforçar a cultura de união e colaboração na equipe”, finaliza a especialista.
Quer ler mais sobre gestão? Confira nosso artigo sobre o método ágil aplicado às operações supermercadistas.
Fonte: Super Varejo