À medida que o fim de ano se aproxima, mesmo depois de meses tão atípicos, cresce a certeza de que é preciso garantir eficiência logística e operacional para obter bons resultados, mesmo em um cenário tão incerto.
Na opinião do integrante do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Logística e diretor-executivo de Supply Chain do GPA, Marcelo Arantes, o varejo alimentar está mais organizado.
“Acreditamos que o Natal deste ano será diferente pela necessidade de se evitar aglomerações nos PDVs, um ponto que, seguramente, pode ser um entrave se não for operado de forma eficiente. Não podemos subestimar a possível concentração de fluxo. Mas, do ponto de vista da cadeia, não acredito que tenhamos problemas”, diz.
Mesmo no que diz respeito ao receio de atrasos nas entregas do e-commerce, Arantes tranquiliza: “Seguramente, eles serão bem menores do que no início da pandemia, já que estão todos melhor preparados. Para viabilizar um bom atendimento ao consumidor, é preciso fazer um monitoramento constante dos principais indicadores de performance que mensuram os pontos-chaves da cadeia.”
Online x offline: quem ganha esse placar?
É bem verdade que muitos varejistas agora estão bem munidos para receber as demandas do fim de ano mais digital de todos, sobretudo, porque 2020 foi um marco no fortalecimento da presença online.
“Em cinco meses de pandemia, a internet avançou cinco anos. Muita gente começou a considerar o canal um meio muito importante e complementar, se não o principal, para as suas vendas”, sublinha o head de eficiência operacional da AGR, Rodrigo Catani.
Com isso, atuar na multicanalidade também se tornou uma necessidade. “Alguns já fazem isso de maneira mais integrada, outros menos. O fato é que, de alguma maneira, já é possível fazer compras pelo site e devolução ou troca nas lojas físicas. Essa integração on e offline é muito importante para que as pessoas se sintam seguras”, comenta o especialista.
Com relação ao fim de ano, Catani aposta em um possível mix entre o consumo em lojas físicas, onde o shopper consegue ver e tocar os produtos, e as compras via e-commerce – incluindo os marketplaces que, no ponto de vista do executivo, estão ficando cada vez mais fortes no varejo alimentar.
A singular logística dos supermercados
“Nessa época do ano, há um aumento no volume de produtos perecíveis, como aves e peixes, no setor”, aponta Catani. Embora sejam medidas conhecidas no trade, nunca é demais lembrar que o tratamento logístico deve ser mais cuidadoso nesses casos.
“Esses itens precisam ser transportados com temperatura controlada, um grande desafio para as entregas. As empresas precisam se preparar adequadamente, com embalagens específicas e térmicas para garantir que os produtos cheguem em boa qualidade”, reforça, acrescentando, ainda, que, além de gerar frustração no consumidor, uma experiência de delivery ruim gera prejuízos ao varejista com relação à reposição da mercadoria e ao custo de frete.
Como mitigar riscos de atrasos e rupturas
Ainda que não seja um problema comum nos centros urbanos, riscos de atraso nas entregas existem no varejo como um todo. “Temos alguns problemas sérios de logística no País, principalmente nas regiões mais afastadas e distantes”, explica Catani. “Outra possibilidade é haver a falta de produto no estoque.”
Antecipação e acordo são as palavras de ordem para minimizar tais contratempos no fim do ano. “Os varejistas devem se antecipar, fazendo parceria com as indústrias ou importadores, para garantir maior estoque de produtos com previsão de giro mais alta. Se não um estoque físico, algum tipo de acordo que garanta a preferência no abastecimento de determinados itens”, sugere.
A mesma regra vale para os consumidores: o quanto antes forem antecipadas as compras de fim de ano, menores os riscos de não receber ou de não encontrar uma determinada mercadoria. Assim, vale incentivar o planejamento de seus clientes, porque todos sairão ganhando.
Fonte: Super Varejo