O cenário de pandemia pode até lembrar crises passadas como a Gripe Espanhola (entre 1918 e 1920) ou o Influenza, em 2009, que afetou muitos países, incluindo o Brasil, mas uma coisa é certa, a atual pandemia trouxe algo de diferente, na opinião do professor e comentarista da Rádio Jovem Pan, José Luiz Tejon: “hoje vemos uma orquestração científica instantânea, organizada para salvar pessoas. Ou seja, a luta consciente da ciência para salvar vidas e isso inclui o mundo vegetal, como o agronegócio e o FFLV (frutas, flores, legumes e verduras) virando sinônimo de saúde. Por isso, acredito que o pós-corona trará uma aceleração gigantesca não só na conscientização da saúde, como na importância da ciência e dos negócios a sua volta.”
A afirmação de Tejon foi feita durante o webinar “PMA Talks: Brasil”, realizado hoje (dia 16 de abril) pela Produce Marketing Association (PMA) e o seu Conselho Nacional do Brasil. O evento contou também com a participação de convidados ligado ao setor para debater sobre as preocupações e melhores práticas do FFLV, diante dos efeitos que o COVID-19 tem causado.
“A única certeza que temos é de o mundo mudou e segue mudando. Quais serão os aprendizados? Certamente muitos, mas precisamos ter a consciência de que o varejo possui uma obrigação social nessa cadeia produtiva, diante de um consumidor que está mais consciente, desejando se alimentar da maneira mais saudável possível, enquanto tem passado essa quarentena em casa”, explica Francisco Homsi, CCO da Rede Oba.
De acordo com o debate, o consumo de FLV (frutas, legumes e verduras), incluindo os orgânicos, tem aumentado, já que o consumidor vem adquirindo mais consciência de que é preciso se alimentar bem para aumentar a imunidade contra o coronavírus ou qualquer outra doença respiratória, muito frequente nesta época do ano. Para que se tenha uma ideia da importância disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de pelo menos 400g de FLV por dia, mas no Brasil só se consome em média 150g.
“O consumo de FLV, desde o início do isolamento, tem aumentado, chegando a 10%. Então, de maneira geral, notamos que as vendas do varejo estão se sustentando graças ao aumento do consumo em casa. Isso porque as pessoas estão procurando levar uma vida normal e saudável, fazendo exercícios em casa, trabalhando em home office, enfim, tentando se adaptar a nova rotina”, esclarece Homsi.
Apesar deste cenário otimista para o setor, assim como os outros participantes do debate, Homsi também expõe que a área de floricultura ainda está sofrendo com a queda nas vendas, mas acredita que o período do Dia das Mães pode ser uma ótima oportunidade (como já costumava ser) de se tentar vender um pouco mais, mesmo que não seja tão expressivo como no ano passado.
“De forma geral, o FLV pode ser a farmácia do futuro, se toda cadeia varejista se unir, do pequeno produtor ao grande, passando pelas indústrias e supermercados”, defende Denise Abarckelli, diretora comercial da Zucca Cogumelos.
“É claro que nesse sentido, o e-commerce também está nos ajudando, mas é preciso considerar ainda os dois grandes desafios que temos pela frente, durante esta crise. O primeiro, que é proporcionar a experiência na compra de FFLV, equivalente ao que é sentido na loja física, como cheiros e cores que atraem. E o segundo, a logística, já que sabemos que a qualidade de muitos alimentos, quando transportados por motoboys, ainda deixam a desejar. Ou seja, a estrutura logística brasileira é muito ruim e os fretes, cobrados pelos marketplaces, ainda são muito caros”, completa Homsi.
Crescimento no consumo dos orgânicos
Os números também comprovam esse aumento no consumo de alimentos orgânicos. De acordo com a Organis, entidade representativa do setor orgânico, tem ocorrido um fluxo maior de consumidores interessados em informações como: os produtos do setor, dados sobre os locais de venda e de rastreabilidade. Ou seja, o brasileiro anda mais interessado neste tipo de produto.
“Os impactos da pandemia começaram agora no setor orgânico. Muitos dos associados da Organis destinaram estratégias de emergência para atender os varejistas e o consumidor final porque praticamente dobrou o interesse das pessoas. Elas estão mais dispostas a pagar pelo valor de um alimento mais saudável”, explica Clauber Cobi Cruz, diretor da Organis, que já projeta um crescimento de 10% para este ano.
As feiras e os eventos nacionais foram adiados por conta da pandemia, mas as empresas pretendem manter os seus lançamentos.
Fonte: Super Varejo